O menino e o Tempo

Apressa-te menino ligeiro

Corre junto com o tempo

Pois, este é rápido e muitas vezes não espera.

Apressa-te menino ligeiro

E não te apegues tanto a quem encontras no caminho

Pois, nem todos são como tu

Te enganas se pensas em amá-los.

Apressa-te menino ligeiro

Pois, chegará um dia em que vais querer correr

Desejarás ser ligeiro outra vez

Mas estarás preso no tempo

Que agora será lento e mordaz.

Apressa-te menino ligeiro. Apressa-te.

Vive esse tempo

Corre nesse tempo

Não penses tanto menino

Apenas, apressa-te.

Partindo

E lá vou eu.

Não há ninguém a me esperar

Por isso, não há necessidade de se apressar 

Vou de mansinho, como chuva leve de verão

Que todo mundo só percebe quando chega

E as vezes é tão rápida que nem ao menos percebemos quando se vai

Como ninguém me espera, corro o risco de na rua ficar

Mas isso na verdade não importa

O que eu espero e desejo na chegada

É encontrar um imenso céu estrelado 

E um coração cheio de amor

Onde eu possa enfim repousar.

Micro-Conto: O fim!

E foi assim, de repente

Como uma leve chuva de verão

Você veio e em um vago instante desapareceu

Fim da história.

A procura

Sentindo falta de algo que há muito tempo perdi

E com essa falta, veio o desejo de encontrar;

Não o que perdi, mas algo melhor, e até diferente.

Que me preencha de uma forma que aquele algo perdido nunca conseguiu.

Ainda não sei bem o que procuro na verdade.

Só sei que preciso encontrar.

E espero profundamente que em algum lugar

Exista alguém, numa busca incessante por algo perdido.

E que ambos sejamos aquilo que de uma forma indecisa e até secreta buscávamos achar.

"O Encontro Marcado" (Fernando Sabino)

"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro."