imagens-lindas-tumblr-137_thumb

quinta-feira, 20 de março de 2014

Nudez de Outono


Partiu sem que tivessem percebido
Deu a hora, e foi-se
Não se viu mudança no dia
Mas todos sabem que ele se foi
O sol continuou a brilhar, quente e firme
Mas terá deixado a mesma que ele encontrou ao chegar?
É provável que não

Ele se foi
Começou a secar-lhe as folhas
O vento soprou mais frio
As ruas se encheram de gente
Que alheias a sua partida
Continuaram suas vidas sem mudança alguma

Ele chegou
Começou a cair-lhe as folhas
O vento soprou mais frio
As ruas, ainda cheias de gente
Que alheias a sua chegada
Continuavam suas vidas sem mudança alguma

Ela,
Imóvel em seu lugar, nada podia fazer
Vendo suas folhas secarem, caírem
Por seus movimentos involuntários
Causados pelo soprar do vento frio
Nada podia fazer

Ele chegou
Suas folhas caíram
Seus galhos secaram
As ruas, ainda cheias de gente
Que alheias, continuavam suas vidas
Sem nem reparar na pobre árvore
Que já seca
Apenas chorava

Sua nudez de outono.

sexta-feira, 14 de março de 2014

O Caos da Alma


Entrou. 
Olhou em volta. 
Viu móveis, roupas, e coisas jogas pelos cantos da sala. 

Caminhou. 
Tropeçou. 
Parou. 
Viu que em tudo havia poeira. 
Uma grossa camada de poeira. 
Ficou horrorizado. 
Sentiu nojo, 
repulsa. 

Caminhou um pouco mais. 
Parou. 
Reconheceu móveis, roupas e coisas jogadas pelos cantos da sala.
Percebeu, por fim, que tudo aquilo era seu. 
A poeira, ele mesmo deixou juntar. 
Ele jogara móveis, roupas, e coisas pelos cantos da sala. 

Andou. 
Parou.
Sentou. 
Tentou negar. 
Não era possível. 
Aqueles móveis, roupas e coisas.
A poeira. 
A sala era sua alma.